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Eu sou liberal

 

 

 

O Zé Carlos vivia atormentado com os comentários de amigos e telefo-nemas anônimos dando conta que sua garota estava lhe metendo um tremendo chifre.
Ele era machão, tinha varias mulheres com as quais saia, porem não acreditava na estória de que chumbo trocado não dói. Machista como era, ficava com febre, só de imaginar sendo traído pela namorada oficial.
Um dia ele resolve tirar a limpo, como não conseguia pegar nada, embora tivesse armado uma dúzia de situações , propõe a namorada uma viagem no fim de semana.
Foram para um hotel fazenda, passaram o dia andando a cavalo e na-dando na cacheira, a noite após ao jantar dirigiram-se ao quarto onde tiveram uma noite de carinhos e amor.
Na hora do cigarro ele finalmente começa seu inquérito. Faz rodeios, fala de amigos, amigas que também chifraram, amigos que ficaram bravos, estouraram, brigaram, explica que ele, numa situação parecida jamais tomaria atitudes tempestivas, se diz liberal, diz entender os motivos do amor, as eventuais traições, que na verdade, para ele são apenas coisas de momento.
Deixa a namorada encantada com suas palavras. Se intitula o ser mais liberal do mundo e assim emenda algumas perguntas, tipo você seria capaz de me trair? Se traísse eu jamais ficaria zangado, só gostaria de saber para que entre nos, reinasse apenas a verdade.
Ela responde que não, nunca o trairia.
Mas ele insiste...

Zé Carlos – Fala para mim meu amor, não tenha medo, quero te provar que sou diferente dos outros homens...
Márcia – Nunca lhe trai...
Zé Carlos – Não tenha medo, se você falar eu posso provar que sou di-ferente, que meu amor por você é mais forte que essas coisinhas pequenas. Eu sou libera!
Márcia – Não sei, mas bem... teve um dia...
Zé Carlos – Fala para mim, não tenha medo, isso vai ajudar a melhorar o nosso romance...
Márcia – Tá certo, teve um dia que eu sai com meu dentista, mas foi uma coisa rápida nada demais...
Zé Carlos – Fala, continua, você vai ver como vai ser bom para você também, sempre que desabafamos ficamos mais felizes...
Márcia – Bom , a gente jantou depois deu uma esticada...
Zé Carlos – Pode falar... eu entendo , sou liberal...
Márcia – Ai... bem, nos fomos a um motel...
Zé Carlos – Viu como é bom falar, continua contando , depois a gente esquece isso e fica numa boa... Eu sou liberal amor !
Márcia – Bem nos tranzamos três vezes...
Zé Carlos -- 3 vezes ? Mas você nunca fez isso comigo... ( já perdendo a calma)
Márcia – Viu só, é melhor a gente mudar de assunto... você já esta fi-cando bravinho.
Zé Carlos – Nada disso meu anjo celestial, eu só fiquei admirado, afinal sempre depois da segunda você já quer parar, tem dor de cabeça, o cara deveria ser bom mesmo hem ?
Márcia – Bom? O cara era ótimoooooo !!!!
Zé Carlos – Sua cadela, filha de uma puta, vagabunda, safada, sem vergonha, eu vou ti quebrar essa cara de varejeira...
Márcia – Mas, você falou que não iria se zangar se eu falasse a verda-de... disse que era liberal...
Zé Carlos – Eu sou liberal e você além de vadia você é burra !

Ele saiu de cabeça quente, fervendo, deixando para traz a namorada, e a conta do hotel , levando consigo apenas um gosto de chifre queimado...

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