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Cordel do desencontro

Eu preciso te falar, não consigo mais pensar
Parado esperando no canto a noite chegar
O dia inteiro não posso nem telefonar
Ter a madrugada pra migalhar ganhar

Não vou mais, meu tempo  perder
Com você no nordeste eu quero viver
Sendo livre nas ruas nos vamos aprender
Ser feliz noite e dia, deixa  a vida correr

Se você me diz não eu fico a pensar
Que não posso seguir sem te amar
Mas juntos na cama vamos trabalhar
De escrever poesia pro povo encantar

O começo da historia vocês nunca viram
Começou lá no sul no mês de setembro
Foi de noite não sei, de dia talvez
Me encantou  quando os outros partiram

Foi chegando, chegando até se sentar
Entrou no meu coração, no primeiro lugar
E os dias passando, cada vez mais folgada
Resmungou nos ouvidos, que ali, aia ficar

Mas um dia ela se foi,
eu pensei  em procurar
Não deu certo, tinha outro,
colocado em meu lugar

Fui pra casa tão tristonho, 
com vontade de chorar
E na cama a noite toda,
não parava de fumar

Todo dia era igual
e a noite anormal
Tanta falta me fazia,
Que eu nem mais percebia

Quanta coisa pra falar,
fui guardando sem pensar
Pois sabia que um dia,
ela poderia voltar

Eis que no meio dessa noite,
noite escura sem luar
Ouço no portão de casa,
o meu nome alguém gritar

Quando pra minha surpresa,
vi seus olhos me fitar
Seu sorriso de princesa,
anunciava ela voltar

Feiticeira bem vivida,
que mudou a minha vida
Eu que já sou homem formado,
não me fiz de rogado

Abri meu peito e as janelas,
para ela me encantar
Foi então que percebi, 
que não era pra ficar

Eu que nunca me entreguei,
não deixei ninguém mandar
Por aquela dona linda,
me deixava controlar

Foram dias de promessa,
mas eu não estava certo
Que aquela mulher dura,
tinha o seu coração aberto

Não sou burro, sou esperto,
mas me entrego nas paixões
Mesmo o meu cavalo velho,
vive a dar escorregões

Hoje mais acostumado
vivo  ainda na incerteza
E falando com franqueza
Não sei bem se estou errado

Ela se abriu em flor,
me contou de seus dilemas
Me abraçou de todos jeitos
Mas não me trazia amor

Foi contando seu passado
E com cara de menina
foi falando abertamente
E me deixou desesperado

E os dias se passaram
Cada dia eu mais gostava
E as noites sucederam
E ela não se aproximava

Não sabia o que ela tinha
E Ela não dizia nada
Ao amor que se mostrava
Nunca se desabrochava

Um segredo que era seu
Bem guardado a sete chaves
Foi o que me aborreceu
Desvendei  quando escreveu

Eram restos desgastados
De amores desvairados
Que se punham no presente
Resgatados do passado

Eu que não sabia nada
E nem mesmo culpa tinha
Foi entrando de gaiato
Nas desgraças da gatinha

Eu gostava das suas pernas
Dos seus seios nas minhas mãos
Sua boca sedenta e taõ macia
No meu ombro ela mordia

Seduzia com o olhar
Nem deixava eu respirar
Me torturava com as mãos
Mas no amor dizia não

Era o tal do seu segredo
Uma vergonha de me amar
Pois temia não e não sabia
Ao seu amor se entregar

Fui-me embora pra outro canto
Procurando me esquecer
Da mulher que persegue
Sempre quando adormecer

Nunca mais tive noticias
Nem sei como ela se encontra
Mas ainda nesses dias
Das lembranças me dei conta

Inda hoje quando paro
No meu canto a imaginar
Como seria nossa vida
Se  juntos fossemos morar

Seriam dias mais bonitos
Com o sol sempre a brilhar
Sem angustias e rotinas
Mas meu sonho foi pro ar

E na rua quando vejo
Uma moça parecida
Eu só penso é mesmo nela
E como pode se esquivar

Tempo passa todo dia
Só aumenta a agonia
Sei que sempre nessa vida
Ela vai de mim lembra

Pena que faltou coragem
E faltou mais decisão
Pois uma amor como esse
Nunca mais ninguém viu não

Virou verso, virou prosa
Virou flor  toda mimosa
Hoje eu conto a vocês
Mas encontrei  uma outra rosa

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