top of page

Sentado no chão da praça

Sentado no chão da praça
Vendo as velhinhas dar milho aos pombos
Enquanto a menina alegre procura seu par
Para o fim de tarde, por pouco dinheiro
A criança brinca com o dedo no nariz
Dedos melados que vão para a boca
Hei Sr. Guarda
O carro parou na calçada
Sentado no chão da praça
Vendo calcinhas amareladas de moças rosadas
E camisas passadas de moços amassados
Me vejo fitando um pombo faminto
Que enche de merda a cabeça do padre
Que enche de merda a cabeça das moças.
Hei Sr. Guarda
O jovem saltou da janela
Sentado no chão da praça
Hoje não está um dia quente
O sol parece cansado
Dois velhos jogando xadrez
Jogando na mesa de pedra
Jogam com nosso presente
Hei seu guarda
A gata caiu no meu colo
Sentado no chão da praça
Meu corpo parece pesar, penas dormentes
Não sinto seu cheiro no ar
Volta tomar seu lugar
Sentada no pau do seu banco
Não vejo seus olhos me olhar
Hei seu guarda
O cara mijou nessa arvore
Sentado no banco da praça
Cansei de gritar em silencio.
Você nem se lembra mais
Como fez frio no outono
Cansei de lutar por justiça
Brigar por verão no inverno
Hei seu guarda
O banco tá pegando fogo
Sentado no banco da praça
Minha barba está ficando branca
Não quero cortar meu cabelo
O pólen se espalha no ar
Meu  corpo já está coçando
O sapato começa apertar
Hei seu guarda
Meu saco já está enchendo
Sentado no chão da praça
Não quero mais conversar

bottom of page