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Quebrando a doceria

 


Marcelo era um amigo nervoso, forte, e sobretudo inseguro. Ele vivia perguntando aos amigos se tinham visto sua namorada, se sabiam de alguma coi-sa do passado dela, como deveria agir em certos casos duvidosos etc.
Os amigos por sua vez, grandes filhos-das-putas, aproveitavam sempre para sacanear com o coitado, falando coisas que jamais fariam se estivessem em sua pele.
Bastou que sua namorada arrumasse um emprego para que ele pas-sasse a investiga-la, segui-la e a duvidar de tudo o que ela falava ou fazia. O cara era um paranóico profissional. Tipo doido de grade.
Assim ele procura os amigos Tonny e Márcio para se orientar sobre o que fazer com a namorada que pretensamente o traia.
Chegando a um bar onde normalmente se encontravam, Marcelo vai di-reto a mesa dos amigos:

Marcelo – que bom que encontrei vocês, com vocês eu posso me abrir, acho que podem me ajudar...

Os dois se olharam e deram um sorriso maroto, pois sabiam que daque-la cabeça sairia um monte de duvidas paranóicas, e eles, mais uma vez, iriam de-tonar o infeliz.
Tonny – e ai Maurício, fala pra gente o que acontece, aquela safada tá aprontando com nosso amigão?
Márcio – Diga lá , o que ela aprontou dessa vez?
Marcelo – Não estou certo, mas vocês que são mais experientes podem me ajudar, é que desde que ela começou a trabalhar em um banco eu acho que ela ta pensando e me trair...
Tonny – E... banco ! Isso é grava não acha Márcio ?
Márcio – Ah, sim , uma namorada minha jamais iria trabalhar em um banco...
Tonny – Me diga uma coisa Maurício: Ela fez concurso para entrar no banco?
Marcelo – Não, é claro que não, foi o pai dela que arrumou o emprego...
Márcio – Ai tem ...
Tonny – Ah tem sim... aposto que se o gerente não tá comendo, pelo menos tá querendo...
Marcelo – Vocês acham mesmo?
Tonny – Mas é claro, você é muito inocente, não enxerga nada o que acontece, você trata com muito carinho as mulheres e elas não gostam disso, elas gostam de macho, de homem que chega e se impõe, que toca a mão na orelha primeiro e pergunta depois.
Márcio – Isso mesmo, se fosse minha namorada eu endireitava na hora?
Marcelo – Mas como ?
Márcio – Dá uma surra na danada...
Marcelo – Mas ai ela briga comigo .
Tonny – Você é tonto, daí ela fica mais apaixonada, é assim que funcio-na...

A conversa rolou sempre no mesmo tom, os dois canalhas cada vez mais enchia a cabeça do pobre Marcelo. Se divertiram adoidado com o pobre e inocente rapaz.
No dia seguinte após ao almoço toca o celular de Tonny :

Marcelo – Tonny , aqui é o Marcelo, acho que num deu muito certo aquele negocio...
Tonny – Que negocio ?
Marcelo – De tocar a mão na cara da Cristina...ela brigou comigo e o pai dela ainda disse que vai me processar...
Tonny – Mas como você fez?
Marcelo – Eu cheguei, dei-lhe um tapa na orelha e depois perguntei on-de ela tava, isso foi na porta do banco, logo depois que ela saiu do trabalho...
Tonny – Mas tá errado cara, você tinha que esperar ela entrar no carro, para depois bater, você bateu na hora errada, era na hora que ela entrasse no seu carro, daí no lugar do beijinho você tascava um tapasso na orelha e já ia dizendo que não é nenhum palhaço...
Marcelo – E agora, o que eu faço, peço desculpas ?
Tonny – Você ficou louco, mulher odeia desculpa, isso é prova de fra-queza. Faz o seguinte, deixa ela por uns dias, depois você fica só observando, da uma passada na agencia, vê o que ela anda fazendo e se precisar mostra que tu é macho...

Uma semana depois e Marcelo andava dando uma incerta na porta do banco, nos arredores da casa etc.
Numa sexta feira após ao expediente ele passou por uma doceria famo-sa parte do trabalho da namorada. Ela estava em pé no balcão tomando um copo d’água, no mesmo momento em que o gerente, ao seu lado, tomava uma xícara de café e estando ao lado de uma funcionaria puxou um assunto qualquer.
Marcelo não pensou duas vezes, quando ele entrou os dois estavam lá, lado a lado, como ele imaginara que um dia iria acontecer, como seus amigos o avisaram. Sua paranóia produzia cenas incríveis em sua mente. Ele pensava nos amigos, os “bons” amigos que o orientava,  pensou na sua namorada imaginando-a já saindo do trabalho e indo direto para o motel com seu gerente, pensou que todos os dias ela fazia a mesma coisa, imaginou-a deitada num colchão de água, depois dando beijinhos no cara, falando que ele é que era homem e não seu na-moradinho frouxo...
Ele ficou desesperado, desesperado e furioso, partiu em direção aos dois, deu dois tapas na orelha da namorada, um soco na cara do pobre gerente fez com que seu óculos bifocal se partisse ao meio, outro soco fez com que seu nariz se encharcasse de sangue. Os vendedores e o gerente da loja tentaram intervir, mas Marcelo, armado de uma cadeira, quebrou o balcão, bateu numa balconista e desferiu mais um chute no pobre gerente do banco, este quebrou-lhe duas costelas. Só foi parado minutos depois quando chegou a policia.
Duas semanas depois e ligou para os amigos:

Marcelo – Márcio ? Aqui é o Marcelo...
Márcio – Com a voz modificada, imitando uma mulher, “O Márcio não esta, ele foi viajar e só volta daqui a seis meses...”
Enquanto isso Tonny , na casa de Cristina  a consolava e a convidava para saírem no outro dia...

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